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quinta-feira, agosto 31, 2006

All the love


Interviewer: Many critics have compared you to Kate Bush.
Tori Amos: Yes, but I think that has nothing to do with my songs, just my voice. They hear these high sounds (sings) and immediately think of Kate Bush.
I: But your song concepts are completely different.
T: Yes, she works with other structures. But her songs are very original, and that's what matters. -- Tori Amos; Keyboards Magazine (German), Jun 1992

Já sei que CD vou comprar a seguir. (E não, quando digo comprar não quero dizer sacar da net.)

Juro, dava anos da minha vida para saber cantar. ...acho que vou aprender a tocar um instrumento qualquer. É o mais próximo que há, não é.

domingo, agosto 27, 2006

He has the heart of a little boy

...and he keeps it in a jar on his desk.

*
Já dei a minha opinião sobre o questionável talento de Bram Stoker, por isso agora está na altura de o fazer sobre o (in)questionável talento de Stephen King. Antes que parem de ler já nesta linha convencidos que sou doida por ler este homem, peço-vos que deitem pela janela todas as ideias pré-concebidas que tenham sobre o Stevie e a sua prosa. Melhor ainda, metam-nas dentro de um saco com pedras e atirem-nas ao mar para nunca mais as verem.
Não sei porque é que Stephen King é tão mal visto pelas chamadas pessoas que gostam de "boa literatura". A ideia comum é que os livros dele são compostos apenas por mortes sangrentas atrás de mortes sangrentas, personagens demóniacas e assassinos de sangue frio, mas nada podia estar mais longe da verdade. Sim, alguns personagens morrem. Sim, há vilões demoníacos e alguns bastante doentes. Mas há muito mais para além disso.
Conhecem The Green Mile (À Espera de um Milagre), aquele filme maravilhoso com Tom Hanks? Adivinhem quem escreveu a história. E The Shawshank Redemption (Os Prisioneiros de Shawshank)? Também é dele. E mesmo os clássicos do cinema de terror como Carrie e The Shining têm bastante mais profundidade nos livros, especialmente The Shining, que, na minha opinião, sofreu bastante na adaptação ao cinema (ainda assim, não deixa de ser um filme brilhante).
O grande trunfo de Stephen King é a caracterização. Ele consegue mesmo criar personagens que saltam das páginas com vida. Personagens das quais queremos saber, com as quais nos preocuparíamos se estivessem presas no castelo do Drácula... Algumas das personagens mais deliciosas e adoráveis que já tive o prazer de ler foram criadas por ele. Assim de cabeça lembro-me de Duddits (Dreamcatcher - por favor ignorem o filme que não passa de uma cruel mutilação do livro, especialmente o fim) e Wolf (The Talisman).
Em cada livro (uns mais que outros, é certo), King conquista o coração do leitor. O último que li dele, por exemplo. Pet Sematary. Esta história... Bem, indo directa ao assunto: chorei. Já não me acontecia chorar a ler um livro desde que li Coração (Edmundo de Amicis) quando era miúda. E não foi apenas uma lagrimita, não, foi um banho de lágrimas. Visto de fora parece ridículo: chorar a ler um livro sobre animais que regressam do além. Mas é aí mesmo que está a magia de Stephen King. Ele é verdadeiramente um mestre das palavras.
Agora que já escrevi a carta de amor e que já vos deixei a todos com tanta vontade de o ler que nem se aguentam, aqui ficam algumas sugestões para quem estiver interessado. Se puderem leiam em inglês, porque ele joga muito com as palavras e isso perde-se nas traduções. Tomei a liberdade de acrecentar pequenas sinopses tão más como as que aparecem na programação dos canais Lusomundo. Ignorem-nas por favor e leiam antes as sinopses da contra-capa se quiserem ficar elucidados sobre o conteúdo da história.
* The Shining (família com pai alcoólico e filho com poderes psíquicos presa num hotel assombrado durante um inverno)
* Pet Sematary (família descobre um estranho cemitério de animais)
* Misery (escritor feito prisioneiro por fã doida com porca de estimação)
* The Talisman (colaboração com Peter Straub) (jovem rapaz viaja para dimensão paralela para salvar a sua mãe)
* Toda a série The Dark Tower (cowboy de universo alternativo procura a Torre Negra)
P.S. - Em relação a vampiros e histórias bem escritas sobre os mesmos, arranjei na Waterstone's de Cork um exemplar de 'Salem's Lot. Depois vos direi se é melhor que Drácula.

sábado, agosto 19, 2006

Momento Suntory #32

sábado, agosto 12, 2006

Drácula de Bram Stoker

As pessoas que me conhecem e mantiveram contacto comigo em 1993 ou de 13 de Junho a 20 de Outubro de 2005 sabem que eu tenho uma obsessão pontual com vampiros, causadora de alguns devaneios pouco saudáveis. Querer dormir num caixão, por exemplo. Coisas mórbidas desse estilo.
Ora tendo isto em conta, e dada a minha paixão por livros, era vergonhoso nunca ter lido O Grande Clássico, Drácula de Bram Stoker. Decidi resolver esta situação e... que dizer? Fiquei verdadeiramente surpreendida. O livro é um ASCO! Nunca na vida li nada tão mal escrito.
A tradução era intragável, especialmente no diálogo. O tradutor sabia que o travessão indica discuros directo mas parecia lembrar-se do caso só de vez em quando. Acreditem que é irritante. A pontuação também era uma abominação. Não sei se isto era culpa do tradutor ou do autor, mas não estou a ver um tradutor a mudar a pontuação como lhe apetece. Seja como for, "- Porque eu, sei." nauseou-me. E há muitas muitas outras da mesma raça...
Mesmo supondo que estas coisas eram culpa apenas do tradutor, mutilador de narrativas por excelência, o resto do livro continua a ser horrível e aí a culpa é mesmo de Stoker. Para começar decidiu escrever o livro todo em cartas, diários e telegramas. Isto podia não ser mau, mas é. Há certos detalhes importantes que são referidos apenas de passagem, incluindo alguns que podiam ajudar ao crescendo do terror e que acabam por não fazer nada.
O suspense é muito fraquinho, mas o desenvolvimento das personagem não fica atrás. Depois de ler a primeira parte, em que Jonathan Harker relata o seu encontro com o Conde, estava-me pouco marimbando para o destino desse Harker, e não porque não gostasse dele mas sim porque a narrativa não me levou a estabelecer qualquer tipo de relação com ele, nem com a maioria das outras personagens. O exemplo flagrante é o próprio Conde Drácula. Relativamente a um vilão parece-me que o leitor deveria sentir medo ou ódio, ou as duas coisas. Mas Drácula não inspira medo, nem ódio, nem nada de nada. Limita-se a ser o antagonista, que por acaso bebe sangue e é suposto ser a encarnação de todo o mal. Posso não ter um diploma nisto, mas sou da opinião que as histórias bem escritas estabelecem uma ligação entre leitor e personagens. Bram Stoker falhou.
Outra característica que as histórias bem contadas têm é a de nos darem a acção num crescendo, o conflito vai-se acentuando até chegar ao clímax, onde toda a trama se resolve. O maior problema de Drácula não é a resolução, apesar de essa também deixar muito a desejar, mas sim o suposto crescendo que a antecede, que consiste em capítulos e capítulos em que não acontece rigorosamente nada. Quando chega o fim da história o leitor já adormeceu... Bram Stoker voltou a falhar.
E isto que já disse nem sequer é o pior. É inadmissível, inacreditável, mas é verdade: Bram Stoker muda de tempo verbal como quem muda de camisa. Num parágrafo Van Helsing disse e no parágrafo a seguir Mina diz. Numa linha Jonathan Harker abre o livro e na seguinte fechou o livro. Como é que é possível?? Até os miúdos sabem que não se muda assim o tempo verbal sem mais nem menos, como é que um livro que ainda por cima é considerado um Clássico incorre num erro destes? Não consigo entender.
Em suma, Drácula é um livro perfeitamente abominável. A única coisa que o salva de ser uma experiência dolorosa é a história, que, verdade seja dita, é uma boa história. Devia era ter sido escrita por alguém que soubesse escrever... Stephen King seria a minha sugestão.