Salvador Dalí: departed.
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Eu ia mais ou menos calma. Era só um dente, era em cima (são mais fáceis, ao que parece), e a última vez tinha sido mais suave. Tudo apontava para um sofrimento menor. Mais uma vez, foi tudo contra as expectativas. Foi horrível! E quando digo horrível, quero mesmo dizer o-pior-de-sempre. Imaginem a pior coisa do mundo; foi assim que foi. No final tremia por todos os lados e só me apeteceu chorar, mas estava demasiado abalada para conseguir fazer isso sequer.
Aquilo é mesmo violento. A força toda que ele fez, nem sei como é que não me partiu o maxilar. E aqueles sons...! Acho que o pior são mesmo os sons. Se nunca ouviram um dente vosso a partir, considerem-se abençoados.
Normalmente guarda-se o melhor para o fim, não é? Este era mesmo o melhor dente. Raízes enormes. Cada uma virada para seu lado. Ouch. O espanto na voz do dentista: "Surreal! Este dente dente é surreal! Olha, Filipa: Salvador Dalí." Era um dente mesmo esquisito. Tinha logo que ser meu?!
Se eu tivesse um desejo só acreditem que era nunca mais ter que ir ao dentista fazer coisas horríveis destas. Aceito ir lá para ele me olhar para os dentes e dizer que está tudo bem, mas mais que isso não quero...
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